segunda-feira, 2 de março de 2009

Vidas de Cidade…

Neste ritmo urbano desenfreado de um lado para o outro;
Vejo multidões a encherem autocarros, estradas e caminhos:
Num ritmo stressado e rotineiro sem lugar a sentimentos;
Numa sociedade de massas que se fazem os mesmos movimentos;
E ao fim do dia cansados de volta para os seus ninhos;
Sem tempo para parar um pouco no lar e ligar à família;
Refugiam-se na televisão, computador como se fosse um escape;
Dos seus problemas quotidianos que tanto os atormenta;
Raiva, má educação, frieza e desumanidade que fomenta;
As assimetrias entre a população desta vida de cidade.

Soneto ao Infinito e a Deus

Nuvem branca que estás tão alta;
Vejo-te mas não te alcanço;
Como á procura do que faz falta;
Serás tu, Deus? Qual é o começo;

Já sei que estás nas pequenas coisas;
Que na vida encontramos;
Na gente, Natureza que são preciosas;
Embora nem todas o são;

Mas o que interessa é estarem no coração;
Dia a dia mudando para Te alegrar;
A sociedade que dizem estragada;

Tento fazer coisas boas para Te dar;
Para que esta não seja esmagada;
Por perversidades que nos afectam.

São Mamede de Infesta

Bonita localidade, onde gosto de estar;
Vou muito por lá respirar os teus ares e passear;
Existe um local em ti que me faz meditar neste tempo;
Que se chama Nova Centralidade!
Local mágico que cultiva a tranquilidade e serenidade!
Tens repuxos de água, onde ouvir ela a cair num precioso momento.
Que me trás paz interior e ajuda a enfrentar o quotidiano.
Dos dias stressados e poluídos que tanto apanho à semana.

Natal numa aldeia beirã

Percorre-se estes trilhos desta singela aldeia;
Vê-se muita gente a ocorrer à igreja;
Relembrar Cristo e entes queridos que já não estão;
Antes de irem cear com chocolate quente que faz inveja;
Vai-se até à reunião ancestral e popular, o “Madeiro”;
Onde se convive conversa e se encontra o quente coração;
Desta gente que faz a sua agradável companhia com o espírito verdadeiro.
De uma pequena aldeia beirã que em tempos me fez aconchego;
Com trabalho no campo e tradições se vê esta aldeia de Espedrada.

Revivendo o século XIX no Porto Antigo

Passeando pela Ribeira estou neste momento;
Não fisicamente mas, em pensamento;
Vejo carros de bois por estas ruelas e becos;
Ouço gente originária de Trás-os-Montes e Beiras;
Que acabam de chegar cansados em fileiras;
Para entregarem os seus produtos a este Porto;
Cheio de gente bairrista, aguerrida e sincera.

Entrei numa tasca, na Alfândega, um homem desabafa para mim;
Das suas queixas, de vida dura que não tem fim;
Passando por sacrifícios para aqui chegar a este porto.
Vê-se barcos rabelos, que o Douro o transportou das terras Durienses;
Para esta terra de verdadeira azáfama e troca de bens.

Que o permitia falar de sua ventura e riqueza aqui obtida.
Despedi-me e sai. Em direcção ao Passeio Alegre vejo ricas moradias;
Alguém me comenta que são de deputados das rurais províncias;
Que aqui constroem para trocarem de ares ao redor de um Campo Alegre;
Passeando na Foz, acenaram-me Queiroz e Ortigão com a sua simpatia;
Me convidam ir ao café Cenáculo, para participar aos seus serões;
Antero encostado num banco de jardim estava com uma nostálgica apatia;
Dizem-me: ” Este não tem onde cair vivo!” Fiquei com pena e a pensar!
Convidaram-no para nos fazer companhia nesta noite fria e para não se atrasar.
Antero e eu calados a ver as noticias que circulavam nos seus corações:
De uma certa nostalgia do Portugal tradicional e dos seus tempos áureos.

De regresso apanhei o americano que me conduzia para Matosinhos e Leça;
Muito cheio estava. Vi uma velha varina com muita mágoa e a chorar:
Dizendo para a sua vizinha que o seu marido já não estava cá neste mundo a morar.
Entristeceu-me. Fui-me deitar numa albergaria junto a uma praia que numa terça;
Serviu-me já no século XXI para escrever este reviver do passado.